quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ser oposição, sem ser do contra

Os resultados das eleições legislativas ditaram uma nova composição parlamentar para a democracia portuguesa. Não é uma composição única na história democrática portuguesa, mas surge recheada de novidade e expectativa prometendo debates parlamentares enérgicos e propensos a audiências televisivas elevadas.
Desta forma, o PS, apesar da sua vitória, terá uma bancada minoritária. E José Sócrates ver-se-à obrigado a formar governo e a “avançar Portugal” passando pelo difícil crivo do parlamento. Além de que se verá confrontado com um Presidente da República mais distanciado e menos colaborante, azedado pelas recentes polémicas que os portugueses foram escutando.
O papel da oposição surge reforçado nesta legislatura. A oposição poderá viver da sua “maioria absoluta”, mas este voto de confiança dado pelos portugueses constitui também um mandato claro de responsabilização.
Sejamos claros, os portugueses quiseram um governo socialista. E a oposição terá de dar mostras de maturidade democrática.
O papel da oposição, o que se espera dela, é que seja responsável, apresentando ideias e projectos para o país (ou região para a qual foi eleita), e que complemente o trabalho do governo ou do executivo. A democracia precisa de uma oposição crítica, construtivamente crítica, atenta e objectiva.
É a este o desafio que BE, CDU, PP e PSD terão de responder: ser oposição sem ser do contra. O desafio é não serem partidos paralisantes ou asfixiadores, é serem modernos e arrojados, é isto que pede Portugal e pedem os portugueses em nome de um futuro melhor.
No fundo, esta é a base da Democracia: a Democracia parlamentar nacional, ou a Democracia autárquica. No país, no concelho ou nas freguesias são precisas oposições que lutem para trazer o melhor às pessoas que servem, e não que usufruam do seu espaço para melhorar os seus ratings nas sondagens.
É fulcral que o interesse dos cidadãos se sobreponha aos interesses partidários, onde executivos, governos, partidos de poder e oposições formem um conjunto, uma equipa de batalhadores por constantes melhorias na qualidade de vida de todos.
Este desejo é também apontado ao nosso concelho da Trofa. Espero vivamente que o amor pela nossa terra seja sempre o denominador comum em qualquer debate político entre todas as forças partidárias. Assim, a oposição deverá fazer usufruto dos mandatos concedidos pelos eleitores trofenses, de forma a capitalizar os interesses da Trofa.
Em Portugal, como na Trofa, oposição e governo são partes integrantes de um mesmo projecto: avançar!


Marco Ferreira
in Jornal da Trofa

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