terça-feira, 25 de maio de 2010

Aculturar

Decorreram nas últimas semanas e decorrerão nos próximos meses algumas iniciativas de cariz cultural que são de grande interesse para a população trofense. Foram e serão iniciativas que visam aproximar os trofenses da cultura, levando as manifestações culturais a todos. Mas mesmo com estas iniciativas, muito há a fazer em termos culturais no nosso concelho.
Música, teatro, arte… são várias as formas de cultura que podem estar presentes numa cidade, sendo que o maior desafio é levar a cultura até às pessoas, até cada cidadão, numa perspectiva pedagógica mostrando à população o tipo de actividades que se podem viver neste âmbito.
É comum discutir-se a pertinência do investimento em cultura. Aliás, em tempos economicamente difíceis como os que vivemos, é admissível questionar se o dinheiro gasto em cultura é, de facto, bem empregue.
Contudo, a questão essencial não está em quanto as autarquias devem gastar em cultura, mas sim, como é que devem investir essas verbas. No fundo, a ênfase não se situa na perspectiva financeira, mas foca-se no âmbito estratégico. Em termos culturais não se pedem milhões, mas pedem-se ideias, criatividade e empenho.
Um concelho com mais cultura é um concelho melhor. Da mesma forma que cidadãos com maior facilidade de acesso a cultura, são cidadãos mais capacitados. Igualmente, uma cidade ou freguesia com mais actividades culturais é um local em que oferece mais educação, mais dinamismo e melhor qualidade de vida.
O concelho da Trofa tem bons exemplos de apostas em cultura. Os Meninos Cantores são um deles, não só pela sua audível qualidade, mas porque “exportam” o nome da Trofa e porque, acima de tudo, oferece àqueles jovens possibilidades de crescerem, de aprenderem e de se sentirem imbuídos num projecto ambicioso. A recente descentralização deste grupo, com a abertura de um pólo em S. Romão do Coronado constitui uma medida muito importante tendo em vista garantir o acesso à cultura por parte dos jovens de todo o concelho.
O VI Encontro Lusófono é uma iniciativa que merece continuar o seu crescimento e que, este ano, contou com o apoio de entidades de nomeada como o Ministério da Cultura e o alto patrocínio da Presidência da Repúblicas, sendo uma iniciativa com um excelente cartaz e que teve referências noticiosas em vários outros concelho do país.
Estes são bons exemplos, mas há ainda muito caminho a percorrer. É necessário colocar estas e outras iniciativas junto à casa de cada trofense, aproximando mais as pessoas destas actividades motivando a uma maior participação. A cultura deve estar nas ruas, nos cafés, deve respirar-se em cada largo, promovendo o convívio entre cultura e as famílias e os jovens. Será igualmente importante dar espaço aos valores trofenses que fazem da arte a sua principal vocação, contribuindo para a demonstração dos seus trabalhos. Por fim, agir em estreita colaboração com as associações do nosso concelho que podem activamente contribuir para a disseminação cultural no concelho da Trofa.
Em suma, a estratégia cultural deve ser encarada como uma aposta contínua e consistente: cultura todo o ano em todas as freguesias e não como iniciativa pontual restringida à nossa casa da cultura. Iniciativas pontuais, algumas até de grande dimensão, são dispendiosas e não se reflectem decisivamente em resultados no longo prazo. Esse foi o paradigma nos últimos anos, agora é fulcral promover a mudança de políticas, porque a cultura é um direito de todos.
A cultura é, assim também, um factor de competitividade importante, contribuindo para a melhoria de vida dos cidadãos e para o desenvolvimento do nosso concelho. As políticas culturais assumem uma importância transversal, influenciando as dinâmicas educacionais, a criação de serviços e indústria ou uma maior entrada de pessoas no município, podendo essas novas políticas economizar recursos, desenvolver os meios e promover a competência da população. Apostar na cultura é uma forma de elevar a nossa identidade, aumentar a nossa exposição, e vigorar a Trofa como um ponto de referência. Tudo isto no sentido não só de consumirmos cultura, mas sermos também agentes promotores da cultura, a cultura Trofense.
Marco Ferreira

2 comentários:

Anónimo disse...

Acabei por saber, apenas hoje, que se realizou qualquer coisa no parque da Senhora das Dores este fim de semana....

Foi verdade???
Estava relacionado com a cultura???

Se estava, porque não recebi a Newslletter da CULTURA da Trofa a informar desse evento?

A última que recebi foi "Newslletter da CULTURA da Trofa n.º07_2010 - ESPECIAL ENCONTRO LUSÓFUNO"

Uma das primeiras que recebi foi:"Newsletter da Cultura n.º 11 '05_24.JUN.2005‏" desde então recebi sempre todos os meses sem falhas e com cerca de 15 dias de antecedência da generalidade dos eventos.

Últimamente este documento electrónico começou a chegar demasiado próximo dos eventos e como foi no caso deste evento, não recebi qualquer tipo de divulgação...

Não será por certo esta a forma de conseguir obter melhores resultados ao nível da participação de cidadãos nestes eventos...

Anónimo disse...

Daquilo que tenho conhecimento não foi só a Newsletter que dicou esquecida!
Muito mais coisas ficaram por tratar e outras foram resolvidas fora do tempo adquado.
É de salientar que estas situções têm sido muito frequentes ultimamente, revelando um desinvestimento do actual executivo perante a divisão da cultura, o que se estará a passar?