Passam 11 anos do dia mais fascinante da história recente da nossa terra: a criação do Concelho da Trofa.
Recordo as camionetas que saíram da escola EB 2,3 (agora escola Napoleão Sousa Marques) a caminho de Lisboa, para “buscar o concelho”. Tinha apenas 10 anos mas, tal como os meus colegas da altura, recordámos emocionalmente essa jornada épica que levou tantos trofenses em busca de um sonho, o sonho de um concelho desenvolvido por trofenses para os trofenses.
Em 1998, a Trofa vivia uma situação que nos deixava descontentes. A ligação ao concelho de Santo Tirso não era encarada optimisticamente, crescendo entre os trofenses uma forte vontade de mudança a favor da criação do concelho.
A Trofa, enquanto território, possuía algumas boas condições para se constituir como concelho. Mas a concretização deste anseio popular teve como base algo muito mais determinante do que as características socioeconómicas, teve como base a força e convicção de um povo, o povo da Trofa.
Quem viu os trofenses em 98 a deslocar-se em massa a Lisboa, percebe que somos um povo especial. Fomos unidos e aguerridos. Como pessoas simples que somos, fomos corajosos e ambiciosos. E são estes factores que nos fazem “sentir este orgulho mais que ninguém”.
Apesar dos apropriados festejos, vivemos uma época que devemos encarar o futuro. Um futuro que, na Trofa, sofreu uma tremenda mudança.
A Trofa viveu a sua infância, e não foi uma infância fácil. Chegados aos 11 anos, sentimos a ausência de algumas partes fundamentais do nosso sonho. Paços do Concelho, saneamento e rede de água inconcluídos, rede viária insuficiente. A hora é de pensarmos estrategicamente o futuro do nosso concelho, catalisando a energia das gentes da Trofa para uma dinâmica concelhia de empreendedorismo, desenvolvimento e progresso.
Inovar, diferenciar e sermos competitivos, é este o desafio. E só nós, trofenses, para estarmos à altura desta tarefa.
Acredito que a mudança politica que se deu na Trofa foi um passo importante rumo a um novo futuro. O trabalho dos nossos novos dirigentes já começou. Não se afiguram fáceis os primeiros tempos numa estrutura camarária pouco adaptada às exigências dos novos tempos. O legado deixado não é o melhor, mas isso não impedirá que se criem novas dinâmicas, que se dê aval a uma politica de proximidade feita de trofenses para trofenses, cuja seriedade e honestidade seja a base de uma relação de confiança e de esperança.
Estou convicto que o país e o mundo mudarão muito até o próximo dia 19 de Novembro de 2010. Mas à Trofa cabe o papel de mudar mais, de avançar vigorosamente, apelando às mesmas convicções que tivemos há 11 anos atrás.
Os trofenses estão de parabéns, e do futuro estão reservadas as melhores surpresas.
Marco Ferreira
in Jornal da Trofa