quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

As comemorações do aniversário do concelho | Opinião de Amadeu Dias

A Trofa não é, como alguns (a) querem vender, a Terra do “Diamante”. A Trofa é a Terra do “Coração”, do coração dos Trofenses, conquistada com todo o seu amor e, por isso, tão importante e valiosa para nós. /
Trofa: Uma data histórica, uma celebração e as desconsiderações de sempre!
A 19 de Novembro de 1998 milhares de Trofenses invadiram Lisboa em busca de um futuro risonho. Muitos milhares, como eu, que confesso na altura com os meus 10 anos não tinha a real noção do quão importante estava a ser aquele dia, aguardámos ansiosamente pela decisão final. Lembro-me perfeitamente de estar com o meu pai a seguir atenciosamente pela rádio tudo o que se passava na Assembleia da República, até que ao final da tarde finalmente é conhecida a decisão. “Trofa a Concelho Já”, passou de uma exigência a uma realidade. Recordo, arrepiado, as horas que se seguiram a esta notícia. Milhares de Trofenses saíram de casa e entupiram todas as estradas no centro da Trofa. Foram horas de espera para receber aqueles heróis que foram a Lisboa “tornar realidade” o nosso sonho.
Já a noite ia longa quando os autocarros começaram a chegar ao centro da Trofa e toda uma celebração sem igual, sem partidos, sem cores invadiu o coração dos Trofenses. Afinal, naquele dia, tudo ficou de lado. Todos se abraçaram, todos gritaram bem alto e em uníssono a palavra TROFA! Aquela noite jamais será esquecida por todos os Trofenses.
A esperança de ser um concelho de eleição, a euforia de construir a nossa autonomia, a procura de um crescimento sustentado, que permitisse melhorar a qualidade de vida dos Trofenses eram as grandes expectativas dos cidadãos.
Mas, infelizmente, e por razões já conhecidas, a Trofa caminhou rapidamente em direcção ao abismo. Foram anos de má gestão, de clientelismo político, de irresponsabilidade, e essencialmente de ilusões (raramente cumpridas), que praticamente hipotecaram o futuro do nosso ainda jovem concelho.
Durante largos anos, a Trofa foi dirigida sem responsabilidade. Os Trofenses, soberanos como sempre nas suas decisões, decidiram inverter o rumo político em 2009. O executivo do PS eleito nesse ano, deparou-se com uma Câmara Municipal endividada, com milhões de dívida escondidos em todas as trincheiras possíveis. A realidade não poderia ser mais devastadora. O sonho que uniu milhares de Trofenses no 19 de Novembro de 1998 fugia por entre as nossas mãos.
O PS apostou então na credibilização da imagem da Trofa e no rigor financeiro para tentar devolver a esperança aos Trofenses. É certo que não cumprimos com tudo o que prometemos (PS), mas tivemos a capacidade de devolver a esperança aos Trofenses através de uma gestão rigorosíssima de uma Câmara que se encontrava totalmente “devastada”. É certo que errámos e falhámos em vários momentos, mas temos a consciência que fomos essenciais para um recomeço deste concelho.
Fez em meados de Outubro um ano de governação do executivo da coligação PSD-CDS na Trofa. Os Trofenses deram uma oportunidade a novos rostos liderarem a nossa autarquia. E convém aqui lembrar o percurso ao longo deste primeiro ano. Este executivo, liderado pelo Senhor Presidente Sérgio Humberto, apregoou que seriam o executivo de TODOS os Trofenses, que liderariam a Trofa despindo a “camisola partidária” e tratando todos os Trofenses da mesma forma. Pois bem Senhor Presidente, cumprir promessas não é consigo. Desde o início que tem demonstrado não estar ao nível do cargo que ocupa.
Hostilizar e perseguir exaustivamente a oposição não vai certamente de encontro às suas promessas. Proferir, em assembleias municipais, intervenções públicas desprovidas de qualquer conteúdo sustentado e assentes, somente, no domínio da insinuação, não merece de todo a aprovação dos Trofenses. Não foi para isto que foi eleito. Foi eleito sim, e deixe-me utilizar as suas palavras, para tratar “TODOS os Trofenses da mesma forma”. E é no seguimento deste chavão que a Juventude Socialista quer demonstrar a sua insatisfação em relação a dois assuntos.
Como é do conhecimento de todos, aquando das comemorações do aniversário do concelho da Trofa, há um programa de festividades a cumprir. Entre as muitas actividades a desenvolver, a “Visita dos autarcas à escola” é para nós tida como essencial. É neste contexto que expressamos com natural desagrado o que se passou na passada segunda-feira dia 17. O executivo PSD-CDS deslocou-se a várias escolas do concelho, e aquando dessas visitas, naturalmente, convidou os Senhores Presidentes de Junta a acompanha-los. Para nosso espanto, isso verificou-se em todas as freguesias, exceptuando na União de Freguesias do Coronado. E a explicação é fácil. Uma vez mais, o PS foi desrespeitado. O Senhor Presidente José Ferreira, perplexo, só ao final da manhã de segunda-feira foi convidado para acompanhar a visita, que já estava a decorrer, às escolas EB 1 da Portela, em São Romão e EB 1 Feira Nova em São Mamede. O executivo da coligação demonstrou uma vez mais desconsideração pelo PS, na pessoa do Senhor Presidente de Junta, mas mais grave que isso, desrespeitou toda a população dos Coronados. Mas o desrespeito não ficou por aqui. No dia seguinte (terça-feira) foi inaugurada uma bancada no Pavilhão de São Romão. Como já vem sendo hábito, o convite não chegou ao Senhor Presidente de Junta.
Ao Presidente José Ferreira, queremos desde já mostrar a nossa solidariedade e dizer-lhe que poderá contar sempre com a JS Trofa na reivindicação dos direitos dos seus fregueses.
Mas o desrespeito pelas comemorações do aniversário do concelho e pelos Trofenses não se ficou por aqui. Uma vez mais, o executivo da coligação apresentou em reunião de Câmara uma proposta absurda. Propunham a atribuição de “Cidadão honorário”, a um secretário de estado, desconhecendo-se até hoje, qualquer ligação à Trofa que não seja o facto de ser do CDS-PP. E convenhamos que não é aceitável, que se sirvam da maior condecoração do nosso concelho para premiar um “político” ligado aos seus partidos. As razões para tal atribuição pura e simplesmente não existem. Não podemos permitir que se condecore alguém que nada tem em comum com o nosso concelho. A nosso ver, vulgarizar a mais nobre condecoração do concelho da Trofa é desrespeitar todos os que lutaram por este concelho.
É altura de dizer BASTA, e, de uma vez por todas, respeitar TODOS os Trofenses.
A Trofa não é, como alguns (a) querem vender, a Terra do “Diamante”. A Trofa é a Terra do “Coração”, do coração dos Trofenses, conquistada com todo o seu amor e, por isso, tão importante e valiosa para nós.
A JS Trofa acredita que apenas com respeito e promovendo a igualdade, TODOS se continuarão a abraçar, a gritar bem alto e em uníssono:
TROFA!
Amadeu Dias

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