quinta-feira, 4 de março de 2010

Medo

A última assembleia municipal teve, como não poderia deixar de ser, algumas intervenções relativamente à decisão que foi tomada sobre a localização dos Paços do Concelho.

Intervenções aplaudindo, congratulando, outra(s) sugerindo, e algumas que nos fazem recordar aquele passado que não se quer de volta.

Claramente, a Trofa cansou-se de esperar. E a história, ainda curta, do nosso concelho deu-nos uma importante lição: a indecisão causou e causa ainda graves prejuízos e atrasos ao desenvolvimento do nosso concelho. Além disto, causou descontentamento. Os Trofenses mostraram inclusive essa insatisfação por, ano após ano, promessa após promessa, não verem atitudes objectivas rumo à construção dos Paços do Concelho.

O povo escolheu. Escolheu ver em 100 dias uma decisão sobre a localização. Esta era a maior promessa da candidatura do PS nas autárquicas, este era o maior desejo dos trofenses. E é para os trofenses que se deve governar. Não se deve governar para os jornais, não se deve governar para as “corrente de opinião” A ou B, não se deve governar para a esquerda ou para a direita. O dever é governar para as pessoas e para aquilo que elas escolheram e decidiram. Antes de ser uma decisão de Joana Lima e do seu executivo, escolher era já uma decisão dos trofenses e foi para isso que confiaram, com o seu voto, na mudança.

O que aconteceu em Fevereiro é a mais clara manifestação de democracia representativa. Ser democrático é cumprir promessas. Os trofenses quiseram a decisão em 100 dias e votaram em alguém com coragem para o fazer. E fez-se. Da mesma maneira que se estão a cumprir integralmente as promessas do PS feitas nas ultimas eleições.

O que vem acontecendo agora é a mais clara manifestação de politica. Com todas as virtudes e defeitos que isso comporta, todos os partidos tentam extrair dividendos da situação e mostrar as suas posições. Contudo, há posições construtivas e legítimas mas também há aquelas que são incompreensíveis dado o passado recente.

Há entidades que se esqueceram, por completo, do sentido de responsabilidade e de coerência. Isto porque, se em 11 anos não se escolheu o local de construção dos Paços do Concelho é porque o PSD não quis. Simplesmente, não quis. Por motivos politico-estratégios o PSD achou melhor não decidir, não arriscar, acomodar-se. Foi uma estratégia que deu mau fruto para os seus resultados eleitorais, mas foi a estratégia escolhida. Assiste-se assim com perplexidade às intervenções do mesmo partido e das mesmas pessoas que durante anos e anos, após maiorias absolutas, após resultados expressivos nas urnas e após todas as condições, não quiseram escolher e não quiseram decidir.

Ainda para mais, o PSD aparece com posições curiosas. Supostamente é contra a construção num local que os próprios propuseram. Incoerência. Ao que se lê são a favor de uma localização que começa na Trofa Velha e acaba na rotunda do Catulo. Conveniência. Como também foi conveniente o resultado da comissão “técnica” ter sido entregue oficialmente após as eleições autárquicas. Não, isto já não é politica; é demagogia, é medo. Medo de decidir, medo de alienar eleitorado, medo de ter ideias. Numa situação o PSD é coerente, se em 11 anos nunca decidiu, continua sem decidir.

Quanto tempo mais poderíamos continuar sem decidir? Quanto tempo os trofenses deveriam esperar para parar de deambular entre o pólo 1, o pólo 2, as finanças, os correios, para tratar dos seus problemas? Será que a politica deve, alguma vez, atrasar o desenvolvimento do nosso concelho? Não. A politica existe para acelerar as decisões, para, representando o povo, avançarmos e crescermos. Não há tempo a perder, é hora de colocar a Trofa a ganhar.

A suposta polémica a que se assiste nos jornais não é uma polémica entre o povo trofense. É uma polémica política. Porque o que aconteceu é o assunto mais pacífico que pode haver em democracia: cumprir o que foi prometido.

Como jovem, vejo a politica com coragem, com determinação. Não me identifico com “jogos políticos”, com conveniências momentâneas e com a demagogia.

A história pode não ensinar tudo, pode até nem mesmo ensinar muitas coisas, mas dá sempre importantes lições. E a história da Trofa ensinou-me e confirmou-me que vale a pena acreditar firmemente em algo e sermos coerentes e conscienciosos nas nossas atitudes. Em suma, valeu a pena mudar.

1 comentário:

Afonso Azevedo disse...

tem-nos no sitio!